Há muito vomitava com meus dedos no teclado de um 286 lá na janela da Barão de Antonina. Sentado no parapeito, com o teclado no colo, escrevia minhas correspondências aos amigos expatriados. Era o começo dos anos 90. Perdi a mão, mas não a cabeça (acho!). Que ler poderá dizer. Ou melhor deixe, não me diga!
Hoje, sei lá o porquê (junto ou separado? com ou sem acento?), insisto com o meu blog (pra que ter um???) assim como fiz com o violão...
Tentei muitas vezes aprender tocar, confesso que com relativa vontade, mas sem a disciplina necessária. Algumas aulas particulares, era menino. Muitas idas e vindas solitárias. A última, me lembro em detalhes. Promessa de ano novo na falsa virada do século. Solitário me pergunto: "-Nada novo este ano?" Não demorei muito pra me responder: "12 músicas, 1 por mês até o próximo reveillon!".
Iniciado o projeto com o Rubinho Holzmann, não durou mais que algumas 10 aulas... Mudei de cargo na Chrysler, acabou o tempo disponível. Na verdade, não houve compromisso. Mas aprendi bastante. O Rubão me mostrou uns caminhos nota 10. Bom cara!
Vem a crise emocional (mais uma!!), muita coisa na cabeça, vontades e projetos de quase a vida toda se pendurando nas correntes que arrastamos pela vida. Tá pesado! O coach fala: "-Tem que largar umas coisas, tem que largar umas..."
Larguei essa, pois já não tenho o tempo que tive pra me dedicar no passado. Melhor assim... Fica pra outra encarnação.
O violão, coitado, empoeirado, sempre no jeito, pra lá e pra cá, sempre atrapalhando alguém nos dias de limpeza da casa...
Com as crianças indo a aula de piano, lembro do projeto 12 músicas.
Olho pra ele, ele pra mim... reparo que como nela, também tenho meus amassados e riscos pelo corpo... marcas das idas e vindas dos dias de limpeza... O set de cordas D'Addario comprado numa loja em Detroit há 10 anos, imagina, já tá um bagaço...
Para na lojinha e compro umas cordas novas, espanholas, coisa fina. Limpo o bicho, ligo o computador, e busco - cifras violao iniciantes.
Aparece uma discussão feita pra mim: " Músicas fáceis e que impressionam"- não é que essa idéia circula pelo universo? Corro até lá e anoto os nomes delas - corro atrás das cifras e não é que dá pra tocar algumas???
Bom, os acordes com pestana ainda são meu drama.

A mão esquerda, apesar de hábil para um dedilhado, não acha a batida ideal dos rocks e das baladas. Mas quem sabe um dia...
Dedos vermelhos doídos e a sensação de que ainda posso me leva pra cama feliz!